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O aparentemente generoso e notoriamente cordato Pedrito cresceu e progrediu (com alguma sabedoria e evidente graça), envolvido na quase
penumbra do estranho “templo” semi-sacerdotal da alegada social-democracia portuguesa (leia-se ppd/psd), povoado de alguns bizarros
anciãos supostamente muito doutos, de esforçados escribas sedentos de dourados euros, de inúmeros leais e honestos publicanos preparados
para o eficaz lançamento e a rápida cobrança dos mais diversos e inesperados impostos e sobreimpostos, taxas e sobretaxas, multas e coimas,
imoderadores, implacáveis e duríssimos.
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Aparentemente, nas oportunas palavras de alguns espertos comentadores de televisão, a “sociedade civil” parecia, pelos vistos, quase resumir-
se ao estafado “circuito de alguma gente” que, perante os olhares indiferentes e cúmplices das “autoridades monetárias”, estafou pelo menos
uma instituição bancária, quase lançou outra nas “ruas da amargura” e terá quase transformado o “Banco do Estado” naquilo que alguém,
avisado e conhecer dos homens e das coisas que os rodeiam, classificou de “carro vassoura”.
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Mas o bom do Pedrito encheu a sua bem-educada boca de um rol de fecundas “promessas”, pôs decididamente pés ao caminho e, em parte
por algum mérito próprio e noutra parte pela notória agonia do seu arqui-rival Zézito, conseguiu, com alguma evidente “facilidade”, ganhar
folgadamente o “duelo” eleitoral e, depositados os votos recolhidos nas urnas aos prudentes pés de sua excelência o Professor Cavaco,
rapidamente assumiu o “poder”, eufemismo utilizado neste multissecular rectângulo à beira-mar plantado para significar o efectivo e real “poder
de outros”.
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No entanto, de forma rápida, eficaz, silenciosa e comprovadamente competente, o mesmo Pedrito cedo se rodeou de gente jovem, sabedora
dos respectivos “ofícios” e, sobretudo, claramente empenhada e notoriamente generosa, a maioria da qual renunciou, ao menos
temporariamente, aos seus honrosos lugares em universidades estrangeiras e/ou às suas proveitosas e competentes actividades liberais, para,
em apoio desinteressado ao jovem Pedrito, lançar, de vez, os sólidos “alicerces” de uma sociedade melhor gerida, melhor dimensionada, mais
clara, mais justa e, sobretudo, económica e financeiramente “equilibrada”.
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O tranquilo “caminho” a percorrer pelo Pedrito nas suas “andanças” à testa do governo foi-lhe cuidadosamente traçado, em anteriores e
esforçadas conferências, conduzidas pelo seu ex-adversário Zézito e respectivos Ministros, nos estreitos corredores e nas austeras salas do
Terreiro do Paço, em plena Lisboa pombalina, tendo da outra banda, como exigente contraparte, a competentíssima Troika (rectius, FMI, BCE
e EU).
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Bastaria, pois, ao inteligente e bem intencionado Pedrito seguir, cuidadosa e diligentemente, o “rumo” em grande parte traçado pelo seu
derrotado antecessor.
Por palavras outras, ao aparentemente sensato Pedrito mais não se pedia (e não se pede) outra coisa que não seja o de caminhar
obedientemente pela “via” traçada pela quase omnipotente Diva (leia-se Troika).
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Acontece, porém, que o sublime Pedrito (ou alguém que ele – mal - representa), aparentemente acordado de alguma inesperada letargia
“massameana”, decidiu, sem ninguém lho pedir e contra a expectativa de muito boa (quase se diria de toda) a gente, “ir além da Diva”, o que,
por palavras claras, quer dizer “fazer mais do que aquilo que ‘superiormente’ lhe fora encomendado”.
Em síntese: O excelente Pedrito, recém-nomeado e recém-empossado, parece ter querido, desde logo, assumir-se mais “poderoso”, mais
“competente”, mais “clarividente” e mais “empenhado” do que a poderosíssima “Diva” (leia-se FMI,BCE,UE).
Consequência: No curtíssimo período de um mês, parece ter-se desfeito já a “lua-de-mel” que o resultado do último acto eleitoral aparentemente
inaugurara.
Que pena, meu Deus!
Ainda o casamento ia no “adro” da Igreja e já o “casal”, pelos vistos, se “desentendeu!”…
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Na realidade, este “ir mais além” já parece ter “desembocado” em inesperadas questões relacionadas com a “espionagem” doméstica, em
polémicas “nomeações” de amigos para lugares principescamente remunerados na Banca, em “cortes” pouco justos nalguns subsídios de
barbas brancas, em reduções de indemnizações fixadas no tempo da “outra senhora”, etc…
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Obviamente, o sensato Pedrito e os seus esforçados, corajosos e inteligentíssimos “compagnons de route” ainda estão muito a tempo de
“emendar a mão”, pois, para tanto, contam seguramente com o apoio incondicional da multipotente Diva e, até, com a compreensão, a
complacência e o patriotismo da oposição parlamentar.
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Ponto é que o mencionado Pedrito saiba (e possa) desembaraçar-se quanto antes dos “enleios” que aparentemente lhe prendem as mãos,
largando as “amarras” da “micro-sociedade” em que foi gerado (leia-se, máquina partidária e seus tentáculos) e lançando-se, de peito aberto,
para a “sociedade civil” que o elegeu.
Por palavras outras: O referido Pedrito, no silêncio do seu quarto de dormir em Massamá, deve parar e reflectir, pois talvez conclua que ele é,
desde a data da sua posse, Primeiro Ministro de Portugal e não apenas ministro do partido social-democrata.
É isto que nós, Portugueses em geral, queremos dele!
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Estamos dispostos a todos os sacrifícios para o Bem da Nação.
Sob condição de que Vossa Excelência não dedique o seu tempo a mais encher os bolsos dos seus amigos e/ou companheiros de partido.
Alguns deles (poucos mas alguns) já fizeram tamanho mal que serão necessárias várias gerações para o corrigir.
Por palavras outras: Serão os nossos filhos, depois os nossos netos e provavelmente ainda os nossos bisnetos quem irá ter de suportar as
consequências nefastas das ilicitudes cometidas por alguma “gentinha” que ainda anda por aí à solta…
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Com um abraço (quase decepcionado) do amigo eterno, que se assina,
António.