31.12.16
A Palavra VIVA
simplesmente...
A nossa estada em Mafra completou dez tranquilos anos em Agosto passado.
Parece que foi ontem mesmo.
Os dias, meses e anos passaram num ápice…
Desta permanência curta e longa guardo algumas memórias.
Trago agora à colação as muitas pessoas que, nos meus diários passeios,
Normalmente me interpelam.
Refiro às permanentes testemunhas, de credos díspares.
Que abundam aqui por terras saloias de Mafra.
Troco amiúde com elas saborosas conversas
Que à minha atenta Mulher pouco agradam.
Tem receio que me convertam às novas ideias.
“Eu sou católica, os meus Pais eram católicos,
Ninguém me faz mudar de religião” – sustenta, com raro fervor.
Curiosamente, não é pessoa de missas, nem de procissões.
Não tem especial agrado pelos padres:
“São homens como os outros” – afirma.
No entanto,
É mais crente, mais religiosa e mais assídua do que eu:
“Nunca adormeço sem rezar” – diz-me e eu acredito.
Gosta de visitar a Basílica quase deserta.
Eu também.
Voltando às pessoas que, todos os dias, encontro pelas ruas de Mafra,
Nos seus habituais apostolados.
Discorro com elas sobre os Evangelhos, o Antigo Testamento,
As cartas dos Apóstolos, o Apocalipse de São João.
Estranham que a minha modesta pessoa,
Parecendo talvez tão inútil,
Domine com tamanha profundidade a Palavra de Deus.
Não lhes conto o meu segredo, que é bem simples:
Durante alguns anos, trabalhei numa editora bíblica,
De que, aliás, cheguei a ser Administrador.
Uma das minhas tarefas era a de rever as provas tipográficas
Das edições contínuas dos Quatro Evangelhos, do Novo Testamento
E até da Bíblia completa.
De tanto ler, por imperioso dever de ofício,
Ficaram-me indelevelmente gravados nos neurónios
Muitos e preciosos textos bíblicos.
É, afinal, a minha inestimável riqueza:
Que os ladrões não roubam,
Nem a traça corrói.
E que me mantêm firme na minha fé,
Que também era a fé dos meus Ascendentes.