31.03.20
TELETRABALHEIRA
simplesmente...
TELETRABALHEIRA
Acontecimentos recentes, graves e notórios (v.g. coronavírus-II), incrementaram o uso do “teletrabalho”.
Tudo isto me lembra um pouco as minhas árduas experiências de anos passados, nomeadamente no uso do “citius”, programa informático criado no âmbito do Ministério da Justiça, alegadamente para “facilitar” o acesso dos “operadores judiciários” aos Tribunais.
“Aquilo” era, as mais das vezes, um autêntico “quebra-cabeças”: lento, inoperacional, arcaico – são alguns dos gostosos epítetos com que, um pouco por todo o lado, foi mimoseado.
No entretanto, melhorou, dizem-me.
Mas, por outro lado, continuo a ver e a ouvir queixas sobretudo dos Srs. Advogados, praticamente pelas mesmas razões: lentidão e inoperacionalidade do “sistema”.
Por isso, o “teletrabalho” é, muitas vezes, para muito boa gente, uma autêntica “teletrabalheira”.
***
Tenho Familiares que continuam a conviver diariamente com estas recentes inovações.
Estão, por isso, ao par das imensas queixas que se ouvem um pouco por todo o lado.
Ora são os empregados de Grandes Empresas que, nas suas casas, têm dificuldade em entrar nas adequadas plataformas.
Ora são aqueles que, nos seus domicílios pessoais, se confrontam com os inúmeros ruídos que os rodeiam, lhes perturbam o ritmo e a concentração no trabalho e lhes põem os cabelos em pé: o ladrar contínuo dos cães da vizinhança, e/ouo vozear dos casais vizinhos, fartos de tamanha reclusão, e/ou a gritaria da criançada vizinha, desejosa de ar livre e, até, por vezes, o tédio do/da cara-metade, já farto(a) de ver o cônjuge amarrado ao computador.
Enfim, é todo um mundo novo, cuja habituação se está a revelar inesperadamente cruel.
Por outras palavras: É, ao fim e ao cabo, a “tele-chatice”.