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Em publicação recente, noticiou-se que o Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, actual Presidente da República, “não tem casa própria, nem automóvel próprio”.
Viverá, ao que parece, em casa arrendada.
E o automóvel que conduz estará a circular ao abrigo de um contrato de leasing.
Logo, não terá nada de seu.
Daqui parte-se, segundo me pareceu ler, para a afirmação de que o referido Professor será “franciscano”.
Ora, afirma-se que o referido Catedrático de Direito, ex-jornalista e ex-comentador político, titular de um Órgão de Soberania unipessoal, é “imprevisível, indisciplinado e imparável”.
Por outro lado, eu afirmo que Sua Excelência parece ser fraterno, solidário, cortês e amigo da Igreja que o acolhe.
Mas será isto suficiente para a sustentação da tese de que o referido Presidente é “franciscano”?
Ora, não se lhe conhece, que eu saiba, qualquer ingresso na Ordem Franciscana Secular.
Por outro lado, nada ter de seu nesta vida não caracteriza o espírito franciscano secular.
É verdade que os franciscanos seculares devem ser discípulos da “santa pobreza”.
Mas a “santa pobreza” não define propriamente aquele que nada tem, mas sobretudo aquele que muito doa.
Está, assim, próxima dos sentimentos de desprendimento e de fraternidade e muito longe das situações de miséria material.
Lembrei-me agora, a este propósito, do que, nos anos 60, nos contava o Frei Veiga, Mestre de Noviços do Convento Franciscano de Varatojo, em Torres Vedras, indignado com o que sucedera com a visita recente de um membro do Governo, acompanhado de individualidades estrangeiras.
Ao passar pelos sóbrios quartos dos Frades Franciscanos, o referido membro do Governo, virando-se para os seus convidados, exclamou, em alta voz:
“Aqui está a miséria franciscana!” (sic)
Ficaram indignados os Frades que os acompanhavam:
“Pobreza não é miséria!”, esclareceram de imediato.
Por outro lado, ao nosso querido Presidente parece nada faltar:
. Tem até um staff que, só de ordenados, consome ao Estado Português cerca de 11 milhões de euros por ano;
. Tudo aquilo que o rodeia custa, ao Orçamento do Estado, mais de 16 milhões de euros.
É, em síntese, mais caro que a maioria das casas reais da Europa, ultrapassando, em gastos anuais, os Monarcas de Espanha, da Dinamarca e da Suécia.
Em termos republicanos e relativos, é também mais caro que a maioria dos congéneres europeus.
Não se pode, porém, sustentar que seja pródigo ou liberal nos gastos, sobretudo dos dinheiros de todos nós.
Mas também, salvo o devido respeito, não se pode sustentar que seja franciscano.
Pois, provavelmente nada tem de seu, mas seguramente nada lhe falta.