27.07.20
O REGABOFE
simplesmente...
Mafra é uma vila asseada, ordeira e respeitadora.
Durante os dias de semana, os Mafrenses passeiam-se pelas ruas, pelas vielas, pelos becos, pelos jardins, pelas esplanadas, pelos estabelecimentos comerciais, em regra com a máscara antivírus posta no rosto.
Por isso, até há pouco tempo, o concelho de Mafra, não obstante estar perto de Lisboa, quase não tinha pessoas infectadas pelo covid19.
No entanto, mal o confinamento foi levantado, logo a Vila começou a ser invadida, aos fins-de-semana, por forasteiros, vindos sobretudo da Área da Grande Lisboa.
Vêm em grupos familiares, com os filhos e os cãezinhos; em equipas informais de ciclismo; em ruidosos aglomerados de motos as mais diversas.
E por aqui estão às sextas-feiras à tarde, aos sábados e aos domingos, deambulando pelas praças, pelos jardins, pelas esplanadas, pelas pastelarias; rua acima, rua abaixo; cerveja aqui, bica acolá – tentando provavelmente libertar-se das tristezas dos dias cinzentos passados nas periferias da Capital.
Até aqui tudo bem: Portugal é de todos nós e, desde o fim do confinamento, a liberdade de circulação é direito quase sagrado.
No entanto, o que espanta, é que, dentre estas centenas ou milhares de forasteiros em modesto gozo de fim-de-semana, quase ninguém usa máscara.
Organizam-se, de rostos descobertos, em largas filas de mesas e cadeiras nas esplanadas, falam, riem, tossem, divertem-se – como se o coronavírus não existisse.
É tudo muito estranho, mas é bem verdade.
Parecem todos ( eles e elas) convencidos de que aqui, em Mafra, ninguém infecta ninguém: esta maravilhosa Vila estará tão bem abençoada que, pelos vistos, o novo coronavírus foge dela como o Diabo foge da cruz.
Porém, quanto a mim , abstenho-me de, aos fins-de-semana, frequentar o centro da Vila, desta forma evitando misturar-me nesta bizarra acumulação de gente hiper feliz, ultra bem disposta, bueda descontraída – rostos abertos aos bons ares aqui dos montes e ali do mar da Ericeira.
É que, confesso humildemente, ainda tenho algum receio do novo vírus...
É verdade que não o vejo …
Mas tenho quase a certeza que ele, a tudo indiferente, continua a “andar por aí”, infectando a torto e a direito quem para tal se põe a jeito, pois, na ordem natural das coisas, é esta a função vital deste novo parasita.